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segunda-feira, 27 de março de 2017

Obsessão Telepática

OBSESSÃO TELEPÁTICA

"(...) fenômenos anímicos são aqueles produzidos pela alma do homem encarnado. Aksakof descreve os quatros tipos de ação extracorpórea do homem vivo: 1) aqueles que comportam efeitos psíquicos (telepatia, impressões transmitidas a distância); 2) os de efeitos físicos (fenômenos telecinéticos, transmissão de movimento a distância); 3) os que determinam o aparecimento de sua imagem (fenômenos telefânicos, aparecimento de duplos); 4) aqueles em que há o aparecimento de sua imagem com certos atributos de corporeidade. São os fatos prodigiosos que vão além daqueles proporcionados pelo corpo do encarnado.

Temos, assim, muitas ocorrências que podem resultar nos fenômenos mediúnicos de efeitos físicos ou de efeitos intelectuais, com a própria inteligência encarnada comandando manifestações ou delas participando com diligência, numa demostração de que o corpo espiritual pode efetivamente desdobrar-se e atuar com is seus recursos e implementos característicos, como consciência pensante e organizadora, fora do corpo físico.

Essa capacidade de sair fora do corpo e atuar como espírito livre também pode gerar condutas patológicas.

A influenciação negativa entre pessoas encarnadas é muito mais comum do que podemos imaginar.

John Herenwald descreve casos de sua clínica psicanalítica referentes à obsessão telepática, provocadas, portanto, por pessoas vivas. Um deles, é o de um rapaz rejeitado por companheiros de pensão. O detalhe importante é que essa rejeição não era fácil de ser detectada, porque tinha caráter oculto, pois todos fingiam apreciá-lo. Com o afastamento do paciente do local, a mudança de ambiente fez com que os sintomas obsessivos desaparecessem, gradualmente, na proporção em que os algozes o esqueciam.

Refere-se André Luiz a um caso de dominação telepática, que vamos detalhar:


CASO ANÉSIA E JOVINO 

Áulus, o benfeitor espiritual, foi chamado a auxiliar o casal Anésia e Jovino e suas três filhinhas. Anésia, além de suas preocupações naturais com a educação das filhas e a assistência à mãe muito doente, às vésperas de desencarnação, sofria tremenda luta íntima, uma vez que Jovino, o esposo, vivia agora sob a estranha fascinação de outra mulher. Esquecera-se, invigilante, das obrigações no lar. Parecia, de todo desinteressado da companheira e das filhas (...). Dia e noite deixava-se dominar pelos pensamentos da nova mulher que o enlaçara na armadilha de mentirosos encantos.

Em casa, nas atividades da profissão ou na via pública, era ela, sempre ela, a senhorear-lhe a mente desprevenida.

Transformara-se o mísero num obsidiado autêntico, sob a constante atuação da criatura que lhe anestesiava o senos de responsabilidade para consigo mesmo.

Áulus, André Luiz, Hilário e Teonília, em caravana deslocaram-se à residência do casal para prestar assistência fraterna. Chegaram, ao anoitecer, no momento do jantar.

Anésia, a jovem senhora, servia, atenciosamente, ao marido, maduro e bem-posto, que se encontrava à mesa, ladeado pelas três meninas. A palestra familiar desdobrava-se afetuosa, mas o dono da casa parecia contrafeito. nem mesmo os doces apontamentos das jovens arrancavam-lhe o mais leve sorriso.

A mãe, ao contrário, desdobrava-se em carinho, incentivando a conversação das filhas. Terminada a refeição, enquanto Anésia ocupava-se no arranjo da copa e da cozinha, o marido se esparramava numa poltrona, devorando os jornais vespertinos.

Reparando que Jovino preparava-se para sair, a esposa perguntou-lhe, um tanto inquieta, se poderia esperá-lo paras as preces que fariam logo mais. Ouviu como resposta uma negativa, proferida com um certo ar de sarcasmo em relação ao valor da prece e acrescida da justificativa de que teria compromissos inadiáveis com amigos para estudo de excelente negócio.

Naquele instante, contudo, surpreendente imagem de mulher surgiu-lhe à frente dos olhos, qual se fôra projetada sobre ele a distância, aparecendo e desaparecendo com intermitências.

Jovino fez-se mais distraído, mais enfadado. Fitava agora a esposa com indiferença irônica, demonstrando inexcedível dureza espiritual.

Por mais que Anésia tentasse uma conversação amigável, não conseguiu retê-lo. Depois de apurar o nó da gravata, bateu a porta com força e retirou-se.

A companheira humilhada caiu em pranto silenciosos sobre velha poltrona e começou a pensar, articulando sem palavras: Negócios, negócios... Quanta mentira! Uma nova mulher, isso sim!...Mulher sem coração que não nos vê os problemas... Dívidas, trabalhos, canseiras! Nossa casa hipotecada, nossa velhinha a morrer!... nossas filhas cedo arremessadas à luta pela própria subsistência!

Nesse momento, apresenta-se na sala a mesma figura de mulher que surgirá à frente de Jovino, aparecendo e reaparecendo ao redor da esposa triste. Esta não via com os olhos a estranha e indesejável visita, no entanto, percebera-lhe a presença sob a forma de tribulação mental. E, inesperadamente, passou a emitir pensamentos tempestuosos.

Lembro-ma dela, sim - refletia agora em franco desespero - conheço-a! é uma boneca de perversidade... Há muito tempo vem sendo um veículo de perturbação para a nossa casa. Jovino está modificado... Abandona-nos, pouco a pouco. Parece detestar até mesmo a oração... Ah! que horrível criatura uma adversária qual essa, que se imiscui em nossa existência à maneira da víbora traiçoeira! Se eu pudesse, haveria de esmagá-la com os meus pés, mas hoje guardo uma fé religiosa que me forra o coração contra a violência...

À medida, porém, que a Anésia monologava intimamente em termos de revide, a imagem projetada de longe abeirava-se dela com maior intensidade, como que a corporificar-se no ambiente para infundir-lhe mais amplo mal-estar.

A mulher  que seduzira Jovino materializara-se aos olhos de Áulus, André Luiz e amigos.

E as duas, assumindo a posição de francas inimigas, passaram á contenda mental (...). Lembranças amargas, palavras duras, acusações recíprocas.

Anésia passou a sentir desagradáveis sensações orgânicas, muita tensão cerebral. Áulus foi informado de que há muitas semanas, diariamente, esse conflito se repete. O instrutor espiritual deu-se pressa em aplicar-lhe recursos magnéticos de alívio e, desde então, as manifestações estranhas diminuíram até cessarem por completo. Áulus explicou, então, que Jovino estava sob imperiosa dominação telepática, á qual deixou-se enredar facilmente. Essa atuação passou a envolver também a esposa, em virtude do regime de influência mútua em que respiram marido e mulher, principalmente porque Anésia não tem sabido imunizar-se com os benefícios do perdão incondicional.

Perguntado se o fenômeno era comum, Áulus respondeu que é intensamente generalizado e acrescentou:

É a influenciação de almas encarnadas entre si que, às vezes, alcançam o clima de perigosa obsessão. Milhões de lares podem ser comparados a trincheiras de luta, em que pensamentos guerreiam pensamentos, assumindo as mais diversas formas de angústia e repulsão.

Indagado também se o assunto poderia ser enquadrado nos domínios da mediunidade, respondeu:

Perfeitamente, cabendo-nos acrescentar ainda que o fenômeno pertence à sintonia. Muitos processos de alienação mental guardam nele as origens. Muitas vezes, dentro do mesmo lar, da mesma família ou da mesma instituição, adversários ferrenhos do passado se reencontram. Chamados pela Esfera Superior ao reajuste, raramente conseguem superar a aversão de que se vêem possuídos, uns à frente dos outros, e alimentam com paixão, no imo de si mesmos, os raios tóxicos das antipatia que, concentrados, se transformam em venenos magnéticos, suscetíveis de provocar a enfermidade e a morte. para isso, não será necessário que a perseguição recíproca se expresse em contendas visíveis. bastam as vibrações silenciosas de crueldade e despeito, ódio e ciúme, violência e desespero, as quais, alimentadas, de parte a parte, constituem corrosivos destruidores. 

Em Obreiros da Vida Eterna, o assistente Barcelos, benfeitor espiritual também ligado à Psiquiatria sob novo prisma, traz, do mesmo modo, importantes ponderações sobre a influência de encarnados entre si. Refere-se às necessidades de esclarecimento dos homens, perante os seus próprios companheiros de plano evolutivo:

No círculo das recordações imprecisas, a se traduzirem por simpatia e antipatia, vemos a paisagem das obsessões transferida ao campo carnal, onde, em obediência às lembranças vagas e inatas, os homens e as mulheres, jungidos uns aos outros pelos laços de consanguinidade ou dos compromissos morais, se transforam em perseguidores e verdugos inconscientes entre si. Os antagonismos domésticos, os temperamentos aparentemente irreconciliáveis entre pais e filhos, esposos e esposas, parentes e irmãos, resultam dos choques sucessivos da subconsciência, conduzida a recapitulações retificadoras do pretérito distante. Congregados de novo, na luta expiatória ou reparadora, as personagens dos dramas que se foram, passam a sentir e ver, na tela mental, dentro de si mesmas, situações complicadas e escabrosas de outra época, malgrado os contornos obscuros da reminiscência, carregando consigo fardos pesados de incompreensão, atualmente definidos por "complexos de inferioridade".  

Barcelos ressalta ainda que o encarnado, nessas condições, é um forte candidato à loucura, porque não sabe explicar as recordações imprecisas que brotam do passado no presente e não conta também com o auxílio de psiquiatras e neurologistas, muito presos ainda às convenções da medicina ortodoxa. Segundo crê, falta-lhe a água viva da compreensão e a luz mental que lhe revele a estrada da paciência e da tolerância, em favor da redenção própria.

Quanto aos casos de antipatia contra nós, ensina Áulus que a melhor maneira de extinguir o fogo é recusar-lhe combustível.

O remédio mais eficaz é a fraternidade operante. Por isso mesmo, o Cristo aconselhava-nos o amor aos adversários, o auxílio aos que nos perseguem e a oração pelos que nos caluniam.

Desde pequena, tenho ouvido falar em crueldade mental, como causa de separação dos cônjuges. Hoje, com as explicações da obra de André Luiz, compreendo melhor o que é essa situação traumática, vivida em grande parte dos casos, como perseguição recíproca, e que, nem sempre, expressa-se em contendas visíveis.

Em muitos lares, onde não há o Evangelho do Cristo no coração, a obsessão telepática tem produzido muitas lágrimas, separação e até loucura.

Há também outro fator a considerar, os espíritos inferiores, muitas vezes comparsas ou inimigos de outras encarnações, que se imiscuem nos processos de obsessão telepática, agravando de muito o quadro patológico inicial.

Como reconhece Aksakof: "Nos fatos da telepatia, é frequentemente difícil precisar o momento no qual o fato anímico se torna um fato espirítico".

Na obsessão telepática ficam configuradas as ocorrências mais comuns de influência negativa entre encarnado para encarnado."

Livro: A Obsessão e suas Máscaras
Autora: Marlene R. S. Nobre
Editora: FE Editora Jornalística ltda.
Ano: 2012
Páginas: 21 a 27.

        



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